quarta-feira, 27 de abril de 2011

E agora vem dizer, morena...

Ela sofre. Seus olhos cor de mel já não brilham como antes, carregam consigo profundas bolsas arroxeadas. Ela chora em silêncio. Lágrimas grossas como pingos, fortes e intensas, recobertas por soluços ocos. Ela não quer que ninguém descubra: ser forte sempre pareceu sua maior virtude, as muralhas que havia construído envolta de si pareciam enganar o coração medroso, fantasiando na solidão. Frio. Ela adora frio. É até aconchegante pensar que a chuva cai tão melancólica quanto seus pensamentos: é reconfortante. Abraços. Neles ela prende a carência que a falta dele faz... Falta? Que falta? Finge que não ama, finge que é de ferro. Mas calma menina, só você ainda não percebeu que a razão da tua insatisfação não está nos outros. Para achá-la, somente é necessário um espelho e vistas. Um dia, quem sabe, teu esforço será recompensado com um buquê das piores e mais lindas rosas que irá receber. Desta vez com um sorriso, afinal, até lá há tempo suficiente para aprender a apreciar a beleza de um jardim. Quem sabe talvez, vire flor. Vire a cor, veja a vida novamente: tudo depende de ti, pequena. Enquanto alterno entre a segunda e a terceira pessoa (porém jamais fugindo da primeira), lembro que pra ti os corações alheios são completamente descartáveis. Claro. Jogaram o seu no sal e ele continua batendo, debatendo, ardendo em nostalgia. É. Foi o amor que te roubou de ti.
Harry Potter - Golden Snitch