Tão estranho acordar só. Nunca gostei de levar chicotada pra olhar o mundo de outro ângulo: onde entra minha liberdade de expressão no universo alheio? Segundo disse, em seu universo sou neutra. Mentira. Não expliquei, seja pelo cansaço de repetir, pela preguiça de argumentar, mas aqui no meu mundinho, sou esponja. Quem não é, aliás? Absorvo o que me convém (e muitas vezes o mal também) pra, quando faltar espaço, despejar tudo de uma vez e voltar a aprender. Digamos que, nesse momento, estou disposta a sugar muito mais, ainda mais agora que meus pilares desabaram. Tão estranho acordar. Ver que há mais serpente no éden do que é permitido pelas leis dos homens, ver que elas só aparecem pra gente em sua forma natural quando já estão no nosso pescoço, fazendo sufocar nosso espaço. Quem dá o direito de intervenção no nosso próprio planeta? Que fique cada macaco no seu galho, cada um em seu plano dimensional, afinal, sou egoísta em termos de solidão. Gosto do meu escuro. Qual é a graça de sair pintando os sentimentos nas paredes, se podemos simplesmente guardar tudo e preservar? A banalização me enjoa. Enoja. Cansa. Esquisito mesmo é gritar dor aos quatro cantos, gritar amor aos quatro ventos, jogar tudo pro alto e acabar de alma vazia. Tão estranho.