Por vezes, queria fazer um círculo ao meu redor. Deixar de lado todos os sorrisos falsos, amores inventados, juras quebradas, toda a dor. Queria um círculo que absorvesse toda a energia negativa, as emoções explosivas, queria envelopá-las em uma caixa lacrada. Uma neo-Caixa-de-Pandora, se a analogia me for permitida. Queria trançar esse arrepio nas fitas que montam a minha fortaleza, transformando o sofrimento em uma série de promessas inquietas, exatamente como aquelas que atamos ao Senhor do Bonfim. Mesmo sendo um polígono fechado, sem arestas, acredito que essa ausência significaria liberdade, separando o coração da alma, da alma o corpo, do corpo as asas. Com um pouco da magia que une um anel à mão esquerda, seria possível tornar a bolha de sabão de paredes frágeis (e coloridas) em um universo de correntes furiosas, mas o único porém segura todo o resto: O que seria do mundo sem um pouco de imbecilidade humana?
Ps.: A autora acredita que ser humano deve ser muito chato.